Quem gosta de esportes, arte, arquitetura, gastronomia e/ou otras cositas más tem belas referências de Barcelona. Ou seja, praticamente todo mundo. O que não falta é programa para fazer em Barcelona. A capital da Cataluña tem um dos times de futebol de maior torcida do mundo, já foi palco de Jogos Olímpicos, concentra um número incrível de ícones arquitetônicos reconhecidos mundialmente, além de ser possível encontrar obras de arte dos mais famosos artistas espanhóis (e do mundo!) pela cidade. Ah, isso sem falar da night agitada e da gastronomia deliciosa e abundante. Ufa, haja fôlego – e dinheiro – para aproveitar tudo isso.
Tínhamos fôlego de sobra quando visitamos a cidade: era um destino que sempre tivemos muita vontade de conhecer e estávamos empolgadíssimos para desbravar cada cantinho. Já a grana… Isso era um grande problema. Com o orçamento para gastos diários estipulado em apenas alguns poucos euros, acabamos por conhecer a maioria dos lugares pagos apenas por fora e geralmente comíamos salgados, kebabs, pizzas baratas e afins. E podemos dizer: mesmo assim, Barcelona é uma cidade DO CAR*%$@!
ANDANDO PELA REGIÃO CENTRAL
Milhares de estudantes de arquitetura e de artes visitam a cidade todos os anos à procura de inspiração nos variados estilos que se misturam pelos bairros da cidade. Uma simples caminhada pelo Bairro Gótico já é de encantar. As construções milenares feitas de pedra, os arcos botantes, todas aquelas muralhas e curvas levam a uma viagem ao passado. Muitas das ruas são apenas para pedestres, o que é ótimo para evitar um atropelamento enquanto você olha embasbacado para cima, por exemplo, para admirar o topo da Catedral de Barcelona. Ali do ladinho tem um mural do Picasso, no prédio do Colégio dos Arquitetos. Outra fofura é a passarela que liga a Casa dels Canonges ao Palau de la Generalitat, na rua del Bisbe.
Mas nem só de nomes consagrados vive a arte de Barcelona: é bem fácil encontrar artistas de rua pelas esquinas, disputando espaço com casais que buscam a locação ideal para seus álbuns de casamento.
Algumas ruas são recheadas de cafés, lojas e brechós com roupas super estilosas, objetos de decoração e acessórios descolados. Como não podíamos gastar com compras, nosso luxo foi uma passagem pela loja de balinhas Happy Pills. Naná não resistiu (ok, eu também não) e montamos nossos potinhos coloridos para adoçar a boca enquanto descansávamos da caminhada e apreciávamos o movimento, sentados ao lado de uma simpática escultura de bronze assinada por Joan Brossa, artista catalão. As letras formam a palavra Barcino, nome romano da cidade que viria a se tornar Barcelona.
BARCELONETA
Caminhando dali até a praia, você chega a Barceloneta, com estilo já bem diferente. É um bairro super simpático e com clima distinto, uma coisa mais relax. O mar, ali ao lado, parece contaminar as redondezas com sua calma. As centenas de apartamentos lado a lado, com roupas penduradas para secar, têm seu charme.
Há várias opções de restaurantes baratos de imigrantes asiáticos, gregos e árabes. Almoçamos um kebab bem saboroso e em conta. Cabe uma nota importante: na época dessa viagem, ainda nem imaginávamos ter um blog, portanto não anotávamos nomes de restaurantes, localização, preço, etc. O que sobrou pra contar é o que está na memória e nas fotos.
Além do interior do bairro, muito simpático, temos a principal atração do local: a praia. Como a temperatura não estava muito alta, não entramos no mar e, na verdade, nem pisamos na areia. Visualmente, apesar de comum, a praia é bem bonita. Preferimos caminhar ao longo da orla e observar o ritmo de vida por ali. Turistas em passeios guiados de bike, moradores andando de skate, velhinhos caminhando sob o sol… Tudo muito agradável.
É claro que não poderia faltar o tradicional toque de arquitetura e arte da cidade: encontram-se alguns prédios exóticos, restaurantes mais sofisticados e até uma escultura de Rebecca Horn, a Estrella Herida.
Mais à frente, já no Porto Olímpico, você se depara com uma estrutura de aço dourado, chamada “O Peixe”, feita pelo arquiteto Frank Gehry, o mesmo do Guggenheim de Bilbao. Do outro lado da orla, ao longe se vê o famoso Hotel W, com seu topo curvado e de onde – dizem – se pode ter uma linda vista da cidade ao entardecer.
LA RAMBLA
Outro lugar bom(?) para se caminhar – que foi feito exatamente para isso – é a famosa Rambla. Trata-se de um longo calçadão, ladeado por centenas de frondosas árvores, que concentra lojas, bares e restaurantes sempre apinhados de turistas. É difícil passar por três grupos de pessoas consecutivos que falem a mesma língua. De acordo com dados de 2015, a Espanha é o terceiro país que mais recebe turistas no mundo, e a impressão é que todos eles estão na Rambla de Barcelona! 🙂 Muita gente provavelmente passa por cima de uma obra de Miró e nem nota. Por cima? Sim, no chão, próximo à estação Liceo, há uma pintura do artista espanhol. Será que você consegue achar?
Na ponta norte da Rambla, está a enorme Plaça Catalunya, uma ampla área com muito verde, chafarizes, barraquinhas de livros, pessoas protestando e tudo mais que você possa imaginar, bem no coração da cidade. Por ali há lojas grandes, como H&M e Corte Inglés, para quem é chegado a compras.
BAIRRO RAVAL
Se quiser fugir um pouco da multidão e evitar constantes esbarrões, a boa é ir um pouco para oeste da Rambla, em direção ao bairro Raval, um dos nossos favoritos. Reduto de imigrantes, principalmente árabes, por ali você encontra vendinhas de frutas, lanchonetes e restaurantes baratos, alguns centros culturais e comércio de rua, tudo distribuído por vias estreitas e cheias de vida.
Se puder, faça o caminho Rambla – Raval passando por dentro do Mercado La Boquería, cheio de frutas coloridas, comidas típicas da Espanha e… do Brasil! Sim, ali, por incrível que pareça, comemos coxinha e tomamos Guaraná Antarctica (dentre outros petiscos que experimentamos)!
Passamos um fim de tarde caminhando pelo Raval e terminamos o dia tomando uma Estrella Galicia, cerveja espanhola muito boa, no Bodega, bar indicado por um espanhol que conhecemos no Rio. O lugar é simples, não tem muitos turistas e serve algumas opções de petiscos em mesinhas de madeira. Do jeito que gostamos! Saímos do bar já de noite, e pelas redondezas passamos por algumas “discotecas” e prostitutas pelas esquinas. Importante observar que nos sentimos tranquilos e seguros por ali.
E já que o assunto é noite (e cerveja), as ruazinhas do Bairro Gótico mais próximas à Rambla ficam abarrotadas de gente entrando e saindo dos pequenos pubs concentrados na região. Não estranhe se vir alguns homens sozinhos com volumes estranhos por dentro dos casacos. Eles não vão tirar uma arma ali de dentro, são apenas packs de cerveja que carregam e vendem no meio da rua! Teoricamente, a prática é ilegal, mas nos pareceu tolerada nas imediações. O duro, para nós, brasileiros, é encarar a cerveza em temperatura ambiente!
BARCELONA FC
Não há dúvidas de que a popular equipe azul-grená está muito presente no dia-a-dia da cidade. Por onde quer que você olhe, encontrará lojinhas vendendo todo tipo de artigo do Barcelona: canetas, porta-copos, mochilas, ímãs e, é claro, a camisa 10 do Messi. Estas são vistas em abundância no corpo dos fãs pelas ruas. Quando estivemos lá, a contratação de Neymar acabara de ser efetuada e um dia depois do anúncio oficial as lojas (oficiais ou não) já vendiam camisas com o nome do jogador brasileiro.
Não preciso nem dizer que era inviável financeiramente assistir a um jogo no Camp Nou. Pensamos em fazer pelo menos uma visita ao estádio, mas como não somos tão fãs de futebol e nosso tempo era curto, preferimos aproveitar o tempo de outras maneiras. Para não passar em branco, compramos alguns souvenirs em uma das várias lojas oficiais do clube espalhadas pela cidade. Foi difícil escolher os presentinhos para meu sobrinho, fanático por futebol, pois a variedade de produtos é uma loucura! Principalmente para crianças.
AS OBRAS DE GAUDÍ
O post já está longo e ainda não falei de Anton Gaudí. Então, chegou a hora. Quando você procura fotos de Barcelona na web, grande parte dos resultados da busca mostra as obras irreverentes e coloridas do famoso arquiteto espanhol. As mais conhecidas são a Sagrada Família, o Parque Guell, a Casa Batló e a Casa Milá (ou La Pedrera).
Nosso plano era visitar essas quatro e, se possível, mais algumas das muitas outras espalhadas pela cidade. Pela localização geográfica, fica difícil visitar as quatro no mesmo dia. As mais próximas entre si são a Casa Batló e a Casa Milá, na região da estação Passeig de Gracia do metrô.
Essas foram as primeiras que visitamos, se é que olhar de fora pode ser considerado uma visita. O custo da entrada em cada uma delas consumiria mais da metade do nosso orçamento diário, portanto tivemos que nos contentar em apreciar apenas suas fachadas, o que não deixa de ser interessante. O estilo único das obras é realmente magnífico! Na Casa Milá, ainda conseguimos entrar num pedaço do prédio, que dá acesso a um café. O resto ficou só na imaginação, infelizmente.
Noutro dia, fomos ver a Sagrada Família, obra máxima de Gaudí que está constantemente em construção, pois não foi terminada até hoje. Estávamos hospedados na casa de uma amiga, próxima à estação Selva de Mar, no lado leste da cidade, e a ideia era pegar um VLT na Avenida Diagonal, uma das principais de Barcelona, e descer perto da Sagrada Família. Eis que, quando chegamos à estação do VLT, percebemos que a Diagonal tem uma larga, arborizada e linda área para o trânsito apenas de pedestres, bikes, skates, patins… Nada melhor para quem está quebrado. Então, partiu caminhar!
De longe se vê a imponente Catedral. É algo incomparável, grandioso, e até um pouco estranho. Chegamos até ela e as filas eram imensas. Olhamos, olhamos, olhamos e, mais uma vez, não entramos. Preferimos reservar nosso rico dinheirinho para gastar em tapas y cervezas. Combinamos com dois amigos, um espanhol que vive em Barcelona e um brasileiro que também estava pela cidade, e lá fomos nós para o bairro de Sant Antoni, onde enchemos a pança sem pagar muito caro num restaurante indicado por um amigão Murciano que mora no Brasil. É a vida… Ás vezes é mais divertido comer bem e bater papo num lugar mais “local” do que fazer programas turistões, né?
Quanto ao Parc Guell, um dos programas mais aguardados da viagem… Bem, deixamos para o último dia e fomos impedidos de sair de casa devido a um mal estar estomacal. Esse, não vimos nem pelo lado de fora. O bom é que temos uma ótima desculpa para voltar!
TRANSPORTE
A cidade é extremamente bem servida de transporte público. As estações de metrô são limpas e bem sinalizadas, o VLT é integrado com o metrô e ainda há ônibus para complementar. Vale a pena comprar o cartão com 10 passes de metrô.
Para o trajeto aeroporto-centro ou vice-versa, há um ônibus expresso muito eficiente, o Aerobus, com espaço para bagagens. No sentido aeroporto, eles saem da Plaça Catalunya e da Plaça España. Preste atenção: o A1 vai para o Terminal 1; o A2, para o terminal 2 do aeroporto internacional. Começam a operar por volta das 5h da manhã e saem com intervalos de 10 ou 20 minutos.
http://www.barcelona-tourist-guide.com/en/airport/transport/barcelona-airport-bus-aerobus.html
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22 comments. Leave new
Já era apaixonada por Barcelona, depois desse post completíssimo fiquei mais ainda!
Acho que melhor que o relato, só os clics fantásticos que recheia esse post, parabéns!
E as obras do Gaudí são realmente lindas já por fora!!
Que bom que curtiu, Pri! Obrigada! <3
Que delícia de viagem! sou dessas que viaja muito, gastando pouco e sem abrir mão do conforto. esse é meu lema! rsrs
Ah….um pouco de conforto é bom e todo mundo gosta! 🙂
Que demais, pessoal! Amei essa Happy Pills! Que Barcelona diferentona vocês mostraram nesse artigo. Ótimas dicas pra economizar e sobrar um chorinho pra cervejinha, né? ! 😉
Certamente, Alessandra! Sobrou pra cervejinha e para as Happy Pills! hhaha
Dicas de barateza é comigo mesmo! Adorei o post e confesso que gastaria meus poucos euros em Happy Pills também hahaha 🙂
Nossa…eu sou viciada nessa balinhas! hahha
Dicas para aproveitar Barcelona no precinho são sempre bem-vindas! Além do mais, Barcelona ao ar livre é (quase) sempre mais interessante! Esse seu post só deu saudades! Adorei! 🙂
Sempre, né? hahhaha… Não é todo dia que estamos com euros sobrando. 😛
Uau, que post incrível. Dinheiro em Barcelona é realmente um problema, achei tudo super caro por lá. Por isso achei sensacional a ideia do post, parabéns!!!
Valeu, Fabio! Felizmente deu pra aproveitar muito gastante pouco!
Barcelona é uma cidade muito linda e realmente não é preciso muito dinheiro para se divertir por lá. Eu praticamente não gastei nada lá, só batia perna mesmo. Parabéns pelo post!
E bater perna por lá é uma delícia, né?
oi Naná… Inúmeras e inúmeras vezes eu faço em cidades o que você fez em Barcelona: a vejo por fora. Caminho pelas ruas,vejo sua arquitetura, sua cara, as pessoas… Acho isso enriquecedor. Embora ame museus e galerias de arte, por exemplo, e tenha adorado conhecer as obras de Gaudí por dentro (são mágicas), eu também adoro gastar tempo observando as fachadas, as janelas e portas…
Às vezes temos tanta ansiedade de visitarmos os lugares que negligenciamos o caminho! Garanto que você terminou aproveitando Barcelona, e criado mais memórias, que muitas pessoas que a conhecem, vamos por assim dizer, seu interior…. 🙂 bj
Exatamente, Ana! O importante é o caminho, sempre digo isso. E aproveitei bastante com certeza. Adoro observar os costumes locais, caminhar, ver gente… Valeu muito a pena! 🙂
Barcelona é incrível e tbm gastei mto pouco lá. As suas fotos estão deslumbrantes, parabéns!
Obrigada! Barcelona é demais, mesmo, e eu certamente voltarei outras vezes!
otimas dicas! falou em pouco dinheiro é comigo msm aheuaheua vou pra la em junhoooo irruuuuu
Uma economiazinha não faz mal a ninguém! hahaha
Boa viagem e aproveite!
Estive em Barcelona em 2015 e simplesmente A-DO-REI a cidade, já só penso em voltar (e sim, esse artigo deu-me muita vontade de entrar no primeiro voo para Barcelona!)
Então vambora, porque eu também morro de saudade! rs