Fazer um passeio de lancha em Paraty era um desejo antigo e, felizmente, no dia agendado para o passeio, fomos presenteados com um dia de sol maravilhoso.
Finalmente havia chegado o dia de conhecer o fiorde tropical: o Saco do Mamanguá! Não basta ter um monte de história para contar, abrigar lindas cachoeiras e praias e ser a terra da cachaça, Paraty é abusada o suficiente para ser o único lugar do Brasil a ter formações naturais similares às dos fiordes nórdicos.
Fiordes, para quem não sabe, são vales estreitos, longos e rodeados por altas montanhas, formados pela ação de massas de gelo que se movimentam arrastando tudo que aparece pela frente, fatiando as rochas como se fossem um pedaço de pão. Como dizem por aí, “água dura em pedra dura, tanto bate até que fura”.
O acesso ao fiorde brasileiro só é possível de barco e não são todas as embarcações que chegam até lá. Apenas as lanchas mais velozes entram na região. Há uma escuna, chamada Banzai, que vai até a entrada do fiorde, mas só deixa a galera com água na boca, porque de lá ela volta. E mais: a embarcação tem capacidade para 250 pessoas, ou seja… não, né?
Na busca por um passeio mais exclusivo, tivemos a alegria de conhecer o Davi, que comanda os tours com as lanchas Palombeta, número 1 em recomendações no Tripadvisor. A Palombeta, sua primeira lancha, leva até 4 passageiros e a Palombeta II, lancha mais nova, na qual embarcamos, tem capacidade para 8 passageiros. Além de super novinha e confortável, a nossa lancha era bastante veloz e estável. Sem paradas, poderíamos chegar ao Saco do Mamanguá em 40 minutos, quando os barquinhos de madeira levariam o triplo do tempo para fazer o trajeto.
A empresa é familiar, comandada pelo Davi, junto com sua irmã e seu primo. Vale dizer que a família é nativa da região e que os três são surfistas e trabalham com turismo náutico bem antes do início das atividades da empresa. Ou seja, temos uma bela soma de conhecimentos caiçaras, náuticos e culturais que só enriquece ainda mais o passeio!
Pontualmente, o Davi chegou à nossa pousada para nos buscar de carro e nos levar ao ponto de partida do passeio. De cara deu para perceber uma pessoa muito gente boa e interessante. Davi, formado em Ciências da Computação e com mestrado na área, morou muitos anos fora, sendo 5 deles na Indonésia, trabalhando em barcos que levam surfistas para pegar ondas em alto mar. Então espere muita troca de ideia boa com ele.
O passeio mal havia começado, mas já estava ótimo! Ao som da bossa nova de Vinicius de Moraes demos partida rumo às maravilhosidades que nos esperavam.
Logo no início do passeio passamos pela Ilha da Bexiga, pertencente à família do navegador Amyr Klink. Na época da varíola, os doentes, chamados de bexiguentos, eram isolados nessa ilha e, eventualmente, sepultados por lá, por isso o nome dado a ela.
Antes de seguir com o relato sobre nosso passeio maravilhoso, seguem algumas dicas de hospedagem em Paraty, todas com excelente localização, caso ainda não saiba onde ficar:
Essa foi a nossa primeira parada! A praia tem entre 2 e 3 metros de profundidade e é um habitat das Tartarugas de Pente, espécie em extinção no mundo. Em poucos minutos de observação é possível ver algumas delas subindo à superfície. Difícil é conseguir fazer uma foto. Elas são rápidas! Então, perdão, leitores. Não teremos fotos das tartaruguinhas.
Foi nessa praia linda e tranquila, também pertencente à família de Amyr Klink, que o navegador iniciou sua viagem para a Antártica.
A ilha tem esse nome porque era lá onde muitas caravelas portuguesas atracavam quando não conseguiam chegar ao cais por causa da maré baixa. Durante o período colonial, os portugueses deixavam na ilha as mercadorias trocadas pelo ouro do Brasil.
Até que um dia a fonte esgotou e o lugar ficou abandonado por décadas até que um milionário italiano, dono de uma fábrica de embalagens em São Paulo, comprou a concessão da ilha por 99 anos e nela construiu um singelo castelo, com direito a heliponto e piscina de vidro com vista para o mar. Resultado: a Ilha do Mantimento se tornou uma das mais caras do Brasil!
É proibido entrar na ilha sem autorização, mas mergulhar em seu entorno é permitido. Nós não entramos na água, pois ficamos babando na diversidade da fauna do lugar! Pela primeira vez estive pertinho de vários bichinhos que nunca tinha visto ao vivo: saracura, cotia, mico leão dourado e até um raro tiê sangue (lógico que eu não sabia o nome, foi o Davi que contou).
Depois dessa dose de fofura, passamos direto pela Praia Vermelha, uma das mais visitadas pelos turistas (que não tem nada de mais) e seguimos para a próxima parada a fim de evitar a fadiga e pegar outros pontos mais vazios.
Mais uma propriedade de marajá! A ilha, que tem cinco casas construídas e um heliponto, é concessão de Cid Ribeiro, diretor da LG, mas, segundo o Davi, o único frequentador do lugar é o caseiro. Nem em datas especiais a galera da bufunfa aparece por lá. É muito desperdício!
Apesar de o acesso à ilha ser restrito, o seu entorno é parada de mergulho da maioria dos passeios de barco da região, um dos pontos mais visitados da baía. A boa visibilidade favorece a prática de snorkel e a pesca subaquática. Durante a noite, é possível ver plânctons se movimentando e fazendo a água brilhar. Fenômenos como esse são vistos em pouquíssimos lugares, como nas praias da Tailândia, por exemplo.
Quando fizemos o passeio, há pouco mais de uma semana, só tínhamos nós, mas durante a alta temporada os barcos chegam a fazer fila para que os visitantes possam mergulhar. Ah, como eu amo a baixa temporada!
Não, ela não pertence ao ex-presidente! Esse nome foi dado à praia por conta da grande quantidade do molusco presente nessa área.
É nesse cantinho paradisíaco onde a maioria dos passeios termina. Acredito que ela também fique bem cheia durante a alta temporada, mas nós conseguimos aproveitá-la todinha para nós! O Davi ficou esperando no barco pra não segurar vela!
Como o nome sugere, é uma praia bem tranquila e pequenina, que quase desaparece quando a maré sobe. Um bom lugar para descansar e esquecer da vida!
O Saco da Velha, diferente das ilhas ostentativas que eu mencionei aí em cima, é um lugar pacato onde habita uma família que tem um pequeno bar. No dia de nosso visita, conhecemos apenas dois integrantes dela: Jolie e Bill, moradores ilustres da praia, velhos conhecidos do Davi.
Vai passar alguns dias na cidade do Rio? Fizemos um post super completo com dicas de onde ficar no Rio de Janeiro, com opções de vários bairros e hotéis para se hospedar.
Emoldurada por uma mata verde e bem preservada e cercada por pedras, a praia tem águas super calminhas e transparentes, ótimas para mergulhar e curtir uma tarde relaxante.
Também dá para curtir a ilha explorando alguns de seus cantinhos. Uma trilha tranquila, de cinco minutinhos, que passa por trás da casa dá acesso a uma grande pedra, de onde é possível ter essa linda vista da baía de Paraty. Ao descer da pedra, seguindo para o canto esquerdo, há uma pequena gruta com água do mar, onde é possível entrar. Como a maré estava alta e a água bem gelada, deixamos a visita à gruta para uma próxima oportunidade.
O acesso ao local não é fácil e o resultado disso é uma região em meio as duas cidades mais populosas do Brasil que ainda preserva uma fauna e flora riquíssimas! O Saco do Mamanguá, com 30 praias e duas ilhas, fica na Reserva Ecológica da Juatinga e faz parte da Área de Proteção Ambiental (Apa) do Cairuçu. Por conta do difícil acesso, há apenas cerca de 600 pessoas habitando a região.
Logo na entrada do Saco se vê uma mansão que serviu de cenário para as gravações da lua de mel dos personagens Bella (Kristen Stewart) e Edward (Robert Pattinson) em um dos filmes da saga “Crepúsculo”. Bom, eu nunca vi os filmes, mas o Davi me contou e eu acreditei.
Para quem não curte tanto assim a ficção, mas gosta de ação, subir o Pão de Açúcar do Mamanguá é uma opção! O acesso ao pico se dá através de uma trilha de 1h20 de subida, que dizem ser bem sinalizada e aberta.
Entre ação e ficção, eu fico com uma boa refeição! O Davi nos levou ao restaurante do Dadico para experimentar um de seus pratos servidos feitos de peixes e frutos do mar fresquinhos. Experimentamos um badejo bem gostoso que acompanhava arroz, salada, aipim, feijão carioquinha. Como o Fabiano e eu não estávamos com muita fome, dividimos um prato que veio bem servido e nos deixou satisfeitos. Pagamos, no total, com refrigerante incluído, 50 reais.
Veja aqui cinco dicas para comer em Paraty que agradam a todos os tipos de bolsos e gostos
Bem alimentados, voltamos quase todo o trajeto que fizemos e não paramos até chegar no Forte de Tapera. Atracamos em uma pequena praia, subimos uma trilha molezinha de dois minutos e chegamos ao topo do forte, um lugar super bem preservado e rodeado de verde. Duas palmeiras gigantes dão ainda mais graça ao lugar, que oferece uma vista incrível para a baía de Paraty. Uma bela forma de encerrar um passeio tão delicioso!
Palombeta (até 4 pessoas)
Baixa temporada: R$ 800
Alta temporada: R$ 1.000
Palombeta II (até 8 pessoas)
Baixa temporada: R$ 1.000
Alta temporada: R$ 1.200
Considerando que os passeios com outras embarcações que vão lotadas e não fazem boa parte do trajeto das lanchas custam entre R$ 50 e R$ 100, acho os valores super justos. Vale muito a pena!
*Os valores do passeio podem sofrer alterações. Favor consultar a Palombeta para verificar os preços.
CONTATOS
Site: http://www.palombeta.com
Whatsapp: 24 99975-7859 (Falar com Davi ou Francisca)
E-mail: davitrindade@gmail.com
Dica: diga que viu o post no Lá Vai Naná e peça um desconto! =)
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18 comments. Leave new
Que passeio delicioso. Paraty é maravilhosa.
O passeio é realmente demais! Recomendo muito!
Que fotos maravilhosas!!! Eu sou suspeita para falar de Paraty porque eu adoro e já fui algumas vezes, mas esse passeio de lancha ainda não fiz. Preciso voltar e resolver isso. rsrsrs
Ah, Vivi! Faça, então! Você vai amar com certeza!
Paraty tem praias lindas!! adorei conhecer pelo post!
Paraty é uma mistura maravilhosa de beleza natural, história, cultura! Eu sou apaixonada!
Ótimas dicas! Lindas fotos também, parabéns pelo post que está super completo.
Valeu, Amilton! 🙂
Uau que lugar e fotoa incríveis. Tão pertinho de São Paulo e eu ainda não conheço. Obrigado pelaa dicas
É verdade! Mesma distância do Rio! Tem que conhecer, é lindo demais!
Paraty foi um lugar que adorei ter conhecido, achei tudo muito lindo e pitoresco, infelizmente não fiz passeios de barco ou lancha, mas ainda quero voltar à cidade!
Paraty é uma delícia, né? A gente fica revigorado. E vale voltar pra fazer um passeio de lancha, mesmo! É demais!
Passeio de lancha em Paraty é o máximooooooo! Amo demais! As paradinhas estratégicas sao demais!
Um dia inteiro de puro relax! Bom demais!
ahhh finalmente conheci o saco de mamangua aheuhe eu tinha lido sobre ele quando escrevi sobre a formação de fiordes! fotos lindas demais pra variar <3
Ahhhh…conheceu? Maravilhoso, né?! <3 <3 <3
O sol demorou mas quando apareceu hein?! Que passeio maravilhosooooo! Doidinha pra conhecer Paraty!❤️❤️
Foi demais! Quando conhecer vai ficar apaixonada também!