Falar das curiosidades sobre o Japão pode ser missão de uma vida inteira! O país é cheio de contrastes fascinantes e faz questão de manter tradições milenares, apesar de não abrir mão da modernidade e da mais alta tecnologia. Ao chegar nas terras nipônicas é fácil se surpreender a todo momento com peculiaridades do dia a dia e com os costumes de quem vive do outro lado do mundo.
A maioria das construções do Japão tem estrutura de madeira e suas paredes parecem uma espécie de compensado, um modulado, que já se compra pronto. Esses materiais são mais flexíveis e causam menos estragos em caso de terremoto. Além disso, em um país que vive em reconstrução por conta das tragédias naturais, erguer casas com esse material é mais rápido e barato.
O Japão vai do tradicional ao que há de mais tecnológico no que diz respeito às necessidades fisiológicas. Ao mesmo tempo que é fácil encontrar privadas embutidas no chão em espaços públicos, onde temos que fazer as necessidades agachados, também há vasos Hi-Tech em todos os lugares. Todos os lugares, mesmo! Banheiros públicos, templos, casas, bares, metrô… Eles esquentam, jogam água fria, quente, vibram, tocam música. Uma loucura!
É proibido fumar livremente pelas ruas. Existem os fumódromos em alguns pontos das cidades, onde é permitido dar uns tragos, mas não são muitos, então quem fuma pode passar nervoso. Mas… Diferente do Brasil e de outros lugares do mundo, alguns estabelecimentos comerciais permitem que se fume em seu interior.
O Japão está entre os 10 países com os menores índices de criminalidade e violência do mundo, segundo Instituto para Economia e Paz (IEP). Experimente deixar uma bolsa, uma câmera ou qualquer item de valor em um lugar público e observe de longe se alguém vai encostar nos seus pertences. Não vou dizer que nunca acontece porque sempre tem um espírito de porco, mas no Japão isso certamente é raridade. Vi uma GoPro em um banco na área de um templo e fiquei observando que as pessoas até notavam a câmera quando chegavam, mas deixavam ela lá. Certamente sabiam que o dono voltaria e a encontraria no mesmo lugar.
Imagine você do lado do mundo, em um lugar totalmente diferente do que você vive, tentando se achar em meio a um monte de rua sem nome! É, se encontrar no Japão não é das tarefas mais fáceis, ainda mais para quem tem o GPS interno quebrado, como eu. O endereço da maioria das ruas japonesas, exceto as grandes vias, se baseia em seis números: um da província, um do município, um do bairro, um do distrito, um do quarteirão e um da casa. Puxado…
Os japoneses são muito silenciosos. Ao passar por bares e casas quase não se ouve barulhos altos de conversa ou TV. Ao caminhar por bairros que não são comerciais, temos a impressão de que é feriado todos os dias.
No metrô, ônibus e outros lugares públicos é proibido falar ao celular. A galera fica focada nos joguinhos, mensagens de texto, lendo seus livros ou tirando uma boa soneca. Ah! Conversar com alguém só se for bem baixinho!
O japão está entre os dez países com as mais altas taxas de suicídio do mundo. Os motivos são os mais diferentes: traição, problemas financeiros, isolamento social por conta da tecnologia, bullying escolar etc. Aliás, 1º de setembro, dia de volta às aulas, é quando jovens mais cometem suicídio no Japão. O sexo masculino soma a maior parte das mortes por suicídio, que é a principal causa de óbito entre homens japoneses entre 20 e 40 anos.
Por mais que os japinhas não desgrudem dos smartphones quando estão no metrô, dificilmente usam o telefone enquanto caminham, principalmente nos lugares mais movimentados. Inclusive, em alguns lugares há placas que deixam clara a proibição do uso dos aparelhos quando se está andando pelas ruas.
É muitíssimo comum ver pessoas de máscaras pelas ruas e algumas delas são até personalizadas! Os japoneses as usam quando estão doentes, para não passar germes para as outras pessoas, e para evitar a respiração do pólen de uma flor que está por todos os cantos no país e causa alergia em muita gente. E, mais, as japonesas também usam as máscaras quando não tiveram tempo de se maquiar antes de sair de casa. Mil e uma utilidades!
Quem pensa em Japão logo imagina carros, buzinas e atropelamento entre humanos para todos os lados, mas, acredite, não é metade disso que você imagina! Nos grandes centros comerciais há bastante carro circulando, mas nada comparado às grandes cidades do Brasil. Para se ter ideia, há lugares muito movimentados que nem calçada têm, onde a circulação de pedestres é delimitada por faixas pintadas no asfalto. E todos são muito educados! Mesmo que a rua esteja deserta, ninguém ousa atravessar se o sinal estiver aberto para os carros.
Apesar de os japoneses serem muito prudentes no trânsito e dirigirem com cautela, é preciso ficar ligado porque lá a mão é inglesa. Quem não está acostumado deve ficar atento e olhar para o lado certo na hora de atravessar.
Quem conhece São Paulo ou Nova Iorque pode ficar decepcionado com a altura dos prédios de Tóquio. Não há tantos arranha-céus pela cidade. Principalmente nas áreas não comerciais, encontramos muitas casas e prédios de até quatro andares. Percebemos ausência dos super edifícios na maioria das cidades. Osaka foi a cidade que mais nos fez esticar os pescoços.
O horário de pico do metrô também é fichinha comparado a algumas linhas de metrô do Rio de Janeiro e São Paulo. Tudo é muito organizado, há filas para entrar no vagão e os passageiros que aguardam para entrar sempre esperam os passageiros que estão dentro saírem. Tudo na maior civilidade. Que sonho ver isso acontecer no Brasil!
Se no Brasil todo mundo quer ter o sorriso certinho e de branco impecável, no Japão eles não veem charme nisso. A moda por lá é o Yaeba, que significa “dente duplo”. A galera vai ao dentista para deixar os dentes tortos para parecer mais jovem!
No Brasil é motivo de vergonha encontrar alguém com a mesma roupa que a gente em uma festa, mas no Japão sair igual é normal e eles adoram fazer essas combinações. Até os casais de namorados costumam harmonizar os looks.
Os homens japoneses, de todas as idades, principalmente em Tóquio, usam bastante as bolsas que classificamos como femininas no Brasil, muitas delas de grifes famosas e caras.
Tudo no Japão parece ser meio infantil: a forma de se vestir, a fixação por animes, o jeito de falar e de se comportar… Ao ligar a TV ficamos impressionados com a programação que, apesar de parecer voltada para crianças de 5 anos, é feita para adultos. Nas propagandas das marcas e produtos, sempre notamos a presença de algum mascote. Bichinhos fofinhos e personagens estão por toda a parte.
No Japão não se deve dar gorjeta. Para eles, servir bem e oferecer um serviço de qualidade é obrigação. Eles podem se sentir muito ofendidos com esse tipo de “recompensa”.
Os japinhas são feras em tudo que fazem, estudiosos e competentes, mas pouquíssimos sabem falar inglês. Encontrar um nativo que fale o básico da língua é algo raro, mas quem precisa de informação não fica na mão, eles sempre se esforçam muito para ajudar.
É difícil encontrar produtos de marcas conhecidas mundialmente nas prateleiras dos comércios do Japão. Para terem ideia, falei sobre o biscoito Cheetos com duas japonesas e elas demoraram a ligar o nome à pessoa. Quando eu mostrei a foto, falaram algo como “ah, já vi…”.
Dificilmente encontramos refrigerante ou suco nos cardápios dos restaurantes. A maioria serve água e chá gratuitamente. Para comprar, em muitos deles só encontramos cerveja e saquê.
Se nos restaurantes não temos muita escolha na hora de molhar o bico, opção não falta nas diversas máquinas de bebida espalhadas pelas ruas do Japão. Das menores às maiores cidades, elas estão por todas as partes. Tem chá, água, refrigerante, energético, café quente, café gelado… Um mundo de opções. É só colocar a moedinha e clicar no pedido.
Não, eles não tomam só chá e saquê. Além dos cafés enlatados, comuns de se encontrar nas máquinas de bebida, existem muitas cafeterias no Japão, que servem café de qualidade.
Por falar em café, que é um forte do Brasil, ficamos impressionados por encontrar pão de queijo em diversas conveniências do Japão. Alguns eram tão bons quanto os nossos.
Ter dinheiro em mãos é solução no Japão e é em cash que eles costumam pagar suas compras e refeições. Há bastante lugar que aceita cartão, mas os mais simples não costumam trabalhar dessa forma, então é melhor ter sempre o faz-me-rir no bolso.
Em sua grande maioria, as casas e apartamentos são bem apertadinhos, mas costumam ser super funcionais. Pouquíssimos deles têm uma cozinha com fogão convencional. Os fogões, de duas ou três bocas, se assemelham aos fogareiros de acampamentos. Forno nem pensar! Só as casas maiores, de famílias abastadas contam com esse luxo.
Na maioria dos mercados e conveniências se encontra todos os tipos de comida congelada, inclusive marmitas de refeições prontinhas. Tem de tudo, desde sushi, passando por frango frito, até macarrão à carbonara. Pode parecer estranho, mas são boas e geralmente bem fresquinhas, preparadas no mesmo dia. Sem contar os sanduíches, que nos salvaram muitas vezes. E sai muito mais barato do que comer em restaurantes.
Há quem pense que os japas comem peixe cru até no café da manhã, mas não é bem assim. Não é tão fácil encontrar no Japão restaurantes nos moldes dos japoneses que conhecemos no Brasil, e os desse tipo são um pouco salgado$. As refeições mais comuns são noodle e pratos com arroz e empanados de frango e camarão.
…mas sobra educação e limpeza. Apesar da falta de recipientes para descartamos os lixos que produzimos, dificilmente se vê uma sujeira no chão, inclusive nas cidades maiores. Tóquio, sem dúvida, foi a cidade mais limpa que conhecemos no Japão. Todos os lugares pareciam ter acabado de passar por uma super faxina. Cada folha que cai no chão é subitamente resgatada por pessoas de limpeza, destinadas somente à isso, que ficam sempre prontas para prender em seus saquinhos qualquer folha que ouse desafiar a impecável limpeza das ruas.
Meia furada e com chulé não é uma boa ideia no Japão. Para entrar em casas, templos e alguns restaurantes, é preciso tirar o sapato. Aliás, entrar calçado em uma casa no Japão é uma tremenda falta de educação, que eles não toleram. As impurezas ficam da porta para fora.
As portas dos táxis abrem e fecham automaticamente, mas nem pensem que os carros são novinhos. A maioria é de modelo antigo. Se quiser experimentar, prepare o bolso, porque uma pequena corrida em cidades como Tóquio pode custar uma fortuna.
A região de Shibuya, em Tóquio, tem o cruzamento mais movimentado do mundo, onde passam mais de três milhões de pessoas por dia! Apesar disso, não existe nada de assustador por lá, muito pelo contrário, atravessá-lo é uma experiência bem curiosa, porém segura.
Os japas piram nos sorvetes e crepes doces em forma de cone. Quiosques coloridos estão sempre com filas imensas para comprar as guloseimas dos mais variados sabores.
De acordo com pesquisa realizada pela empresa de consultoria Mercer, em 2016, Tóquio aparece entre as cinco cidades mais caras do mundo! E, temos que concordar, o bolso sofre por lá. Mas sempre tem aquelas saídas alternativas para quem quer economizar: comer em conveniências, buscar hospedagens alternativas, usar passes de transportes públicos etc.
Algo que me surpreendeu foi ver o tanto de gente que usa a bicicleta como meio de locomoção, inclusive nas cidades grandes. Em alguns lugares há enormes estacionamentos exclusivos para bikes.
Muitos restaurantes não têm cardápio em inglês, mas a maioria deles adora exibir em suas vitrines uma espécie de “maquete” dos pratos, feita em resina. Aí dá pra tentar a sorte e escolher pela cara.
…fique ao lado esquerdo da escada ou da esteira rolante (com exceção de Osaka, onde se para na direita). Eles fazem fila e tudo para ficar do lado em que é permitido parar.
O Japão é uma fascinante mistura de paz, movimento, som luzes, cores e cheiros. Muitas vezes, caminhando duas ruas de um grande centro comercial para dentro, podemos encontrar regiões tranquilas e templos centenários, tudo regado a um cheiro delicioso que emana das pequenas flores rosas que nascem pelas árvores da cidade. O país é pulsante e cheio de energia, tanto daquelas que alimentam os inúmeros e imensos letreiros luminosos quanto das que acariciam a alma e acalmam o coração.
Essa lista poderia passar dos cem tópicos, mas tem coisas que é melhor descobrir pessoalmente, né? 😉
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Japão é um país que está na minha lista de lugares para conhecer, sou descendente e ainda não tive a oportunidade, minha irmã e meu pai já foram. Sobre o item 26 eu acrescentaria que apesar de não ter muitas lixeiras, o povo carrega lixo no bolso e joga o lixo em casa. Tem muitas pessoas que não são tão educadas, o que mais se vê nos arbustos e bueiros são bitucas de cigarros. Em algumas cidades existem grupos de mutirões que fazem limpeza da região onde convivem, passou no Globo Reporter no ano passado. Outra curiosidade, se você tem olhos puxados e não sabe falar japonês, você é discriminado, o tio da minha esposa foi ao Japão, perguntou uma coisa em japonês para um balconista, ele olhou feio e apontou para uma placa dizendo “Você não sabe ler? Leia!”, porém, se você informa que é estrangeiro antes de iniciar a conversa, eles te atendem e tentam ajudar, como você comentou no item 16. Esse post foi muito bem escrito! Parabéns por compartilhar conosco.
Que demais, Cleber! Realmente não reparei nas bitucas. Vi tudo sempre muito limpo. Não sabia sobre essa história de mutirões de limpeza e da grosseria com quem tem olhos puxados e não fala japonês. Muitas vezes percebia uma gentileza meio mecânica, que não era sincera, mas, sim, por pura doutrinação. Mas pode ter sido só impressão. Muito obrigada pelas sugestões! Gostei muito!
Que legal o post! Adorei! Olha, me chamou atenção o vaso sanitário tecnológico, hehehehe, a educação, a limpeza (que isso? aquelas ruas, dá para sentar no chão!), a falta de cardápio em inglês – eu iria passar trabalho para comer, hehehehe, bom, tudo, na verdade, me chamou atenção. Legal!
Incrível, né? Sem dúvida, foi um dos lugares mais diferentes culturalmente que já conhecemos. Ficamos impressionados!
Muito interessante seu post, Naná! Deve ser muito curioso conviver e observar os costumes de um povo tão diferente do nosso. Parabéns pelo relato, muito bom!
Foi uma experiência realmente incrível e que eu recomendo a todos, Francisco! 🙂
Não sabia da questão da gorjeta, bom saber pra eu não cometer nenhuma gafe quando chegar lá. =)
A-D-O-R-E-I o post. Estou muito ansiosa para conhecer o país.
Essa coisa da gorjeta é muito louca, né? Em cada lugar é de um jeito. Sempre bom saber! 😀
Uau, são tantas novidades que nem sei por onde começar!!! Adorei o post, nunca viajei para o Japão, então muita coisa que li foi novidade total. Já estou compartilhando com todos meus amigos! Parabéns pelo apanhado de dicas.
Que bom que gostou, Fábio! Obrigada por compartilhar! =)
Que aula!
O pontos: 3,4,6,8,26 e 27 me fizeram amar ainda mais o Japão.
Excenlente post obg por compartilhar!
Muito obrigada, Vaneza! Ficamos muito felizes que tenha gostado. O Japão é realmente surpreendente e nos encantou demais!
Muito interessante essas curiosidades sobre o Japão. Confesso que a maioria fiquei sabendo hoje por aqui! rs. Quero um dia conferir tudo de perto! Parabéns pelo post.
É uma cultura muito diferente da nossa! Fico feliz que tenha gostado e já tô a torcida para que consiga ir logo ao Japão!
Que post maravilhoso! Adorei saber de tudinho! Hoje mesmo estava falando na minha ida ao Japão! Já salvei aqui pra ver novamente com calma! Adorei Nana!
Que bom que gostou, Cris! Tomara que seja útil pra você e que sua viagem ao Japão seja ótima! 🙂
Ola Nana! Primeiramente quero parabenizar pelo o post super informativo. Tenho algumas perguntas. Quantas dias voce recomenda ficar em Toquio pra conhecer os pontos principais e as cidades ao redor como Kamakura etc? E sobre hospedagem voce tem alguma recomendacao legal? Nunca fiz mochilao e estou planejando ir pra Asia no ano que vem. E voce foi o primeiro Post que estou lendo com infos pra Asia.
Desde ja agradeco.
Oi, Talyta! Que bom que gostou do post! Fico feliz e espero que tenha ajudado. Quanto ao número de dias para ficar em Tóquio, acho que depende muito do que você vai querer fazer e como é o seu estilo de viagem. Eu fiquei nove dias na cidade e consegui fazer bastante coisa sem correria, incluindo bate-volta a Kamakura e Nikko. Eu me hospedei num Airbnb na região de Shindaita e gostei bastante da casa: http://bit.ly/2uBwi8P. Recomendo muito! O Japão é um país super seguro e positivamente surpreendente. Vai a algum país, além do Japão? Qualquer coisa que precisar é só falar! 🙂
ahhh quantas diferenças!! acho que a que eu mais gosto é a educação, esse zelo que tem por tudo que é comunitário, as crianças varrem as salas de aula sempre depois da escola (nos fazemos assim no tatami após o treino de aikido)..eu gosto muito do silêncio, tenho pavor de carro de som e gente falando alto no onibus aheaue talvez nesse aspecto ia me dar bem aheu
A educação e o respeito realmente são admiráveis. Fora a segurança, né… É um país impressionante!
Japão é muito diferente mesmo. Parece outro mundo! Algumas dessas curiosidades são perfeitas, já outras são estranhar demais! kkk
É diferente demais, mesmo! Um país bastante exótico e uma cultura interessante de se conhecer de perto. Valeu a pena! =)
Morei 7 anos no Japão. Quando retornei ao Brasil, uma coisa me chamou a atenção: As esburacadas ruas e estradas brasileiras. Isso simplesmente não tem no Japão. Já vi todo o processo de pavimentação de uma rua no Japão, desde o início até ficar totalmente pronto. Eles trabalham metódicamente, providenciam tudo, usam material de primeira qualidade, e com capricho artesanal. No Brasil não teriam com certeza, paciência para executar o trabalho assim. Essa é a diferença.
Essa é uma diferença brutal, realmente. A agilidade e competência deles pra fazer qualquer serviço é impressionante. Os japoneses são exemplos de competência.