P#*@% que pariu (como se diria isso em italiano? Porca la pipa?), estou acordando em Florença! Na noite passada, compramos umas cervejas na vendinha em frente ao hotel – alternando entre a Peroni e a Moretti, ambas boas e baratas – enquanto estudávamos mapas e planejávamos o dia seguinte. Passamos na Birrería para comer alguma coisa e tomar um copo de cerveja russa antes de desabarmos no hotel (leia a parte 1 deste post). Agora acordo eufórico e pronto para a próxima parada: o Palazzo Pitti.
Nesta viagem à Europa, pagamos para entrar em pouquíssimos pontos turísticos, pois o orçamento era curto. Mas fizemos questão de visitar o palácio, tanto para ver o interior de um imóvel que pertenceu aos Médici quanto para ver de perto o verde (trocadilho com a cacofonia, aff! Ver-de perto…) dos jardins externos, o famoso Giardino di Boboli.
Lá fomos nós, de novo a pé. O Pitti fica no lado oposto do Arno, e mais uma vez me vi deslumbrado pelo rio enquanto o cruzávamos por uma das outras pontes não tão nobres quanto a Vecchio. Além do curso d’água, me encantavam também os charmosos cafés e restaurantes no caminho que, para nossa tristeza, não cabiam no nosso bolso.
No trajeto, fascinavam-me as pequenas coisas, desde a quantidade incomum de motos Vespa perfeitamente enfileiradas até o abraço afetuoso dos amantes da ponte (não a Neuf, como no filme de Carax). Passamos por inúmeras galerias e escolas de arte enquanto observava que não existe pessoa mais concentrada que um artista se dedicando à sua obra.
Chegamos, compramos o ingresso e comemos um delicioso e singelo sanduíche de frios numa espécie de padaria na frente do palazzo. Era hora de entrar. Dessa vez, num lugar menos crowdeado, a viagem ao passado seria mais agradável. O interior do palácio é lindo, bem conservado e expõe mobiliário e muitos objetos de época. Dá pra se perder facilmente pelo sem-número de cômodos por onde passaram os mais famosos mecenas da história.
Um adendo histórico pitoresco: Pitti era o nome de uma família inimiga dos poderosos Médici. Diz a lenda que um dos Pitti resolveu construir um palácio grandiosíssimo, para competir com os rivais. Resultado? A família Pitti faliu antes do fim da construção, e adivinha quem comprou o palácio? Hã? Hã? Os Médici, claro, para terem uma “pequena” residência alternativa. Bom, pelo menos hoje em dia o palácio tem o nome dos caras que tiveram a idéia de construí-lo, né?
Na parte de trás do palácio, começamos a explorar os jardins. É metro quadrado pra passar o dia todo! Árvores, fontes, moitas, plantas, flores, estufas, casinhas, grutas… Ficamos um tempão por lá e não conhecemos tudo. Deixamo-nos levar pelo clima de passado e não nos preocupamos com as horas. Era como se tivéssemos a eternidade para passear por aqueles jardins bucólicos.
Foi quando vimos uma cena que nos fez acreditar que, realmente, tínhamos todo o tempo do mundo pela frente: no ponto mais alto do jardim, um grisalho senhor de seus setenta e poucos anos pedia à esposa, de mesma faixa etária, que fizesse uma pose em frente ao palazzo para registrar numa foto. Ele calmamente a dirigia e pedia que se apoiasse numa coluna para o retrato ficar mais bonito. Naná e eu nos imaginamos ali, quarenta anos depois, fazendo a mesma coisa. Porque nos permitimos passar o tempo ali, como eles. Porque nos permitimos sair pelo mundo, como eles. Porque nos permitimos viajar, e viajar não é gastar tempo: é ganhar tempo.
Destinos de viagem são como filhos: quando você conhece as minúcias, os detalhes de cada um (até seus defeitos), é terminantemente impossível escolher um favorito. Como queríamos demonstrar.
Arrivederci, Firenze.
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2 comments. Leave new
Realmente muito bom este post! Gostei bastante do site, vou ver se acompanho toda semana suas postagens ou assim que me sobrar um tempo.
Abraços 🙂
Que bom que gostou, Felipe!
Seja bem-vindo! =)