*por Raphael Dias
Sim, a Espanha é muito mais que flamenco e tapas, muito mais que Madri e Barcelona. E nos menores frascos se encontram as maiores surpresas.
“Más allá” da capital da Cataluña, ao norte, estão os Pirineus. Fronteira natural entre Espanha e França, limite da Península Ibérica. Cordilheira que se estende por mais de 400 km, do Oceano Atlântico até o Mar Mediterrâneo.
Destino pouco explorado por brasileiros, muito menos no verão, a região é cenário perfeito para roteiros bucólicos e também aventureiros, no estilo “Into the wild”.
Assim, em busca de tal roteiro e de novos destinos, saí de Barcelona rumo ao Parque Nacional de Aiguestortes e Lago de San Mauricio (em catalão, Parc Nacional d’Aigüestortes i Estany de Sant Maurici).
Com ponto de partida na estação de trem de Barcelona Sans, primeiramente percorri estrada rumo a La Molina, conhecida estação de esqui e destino de inverno na região norte da Espanha. Mas agora a época era outra, ainda primavera, nem havia chegado o verão. A grande temporada de férias ainda não havia começado e o calor tampouco, o que ajudou a encontrar cidades com alimentação e hospedagens a preços bem acessíveis.
A chegada ao Xalet Refugi Peré Carnet, minha base em La Molina, era apenas um ótimo presságio do que viria; muito bem recebido pelo dono Manel e sua família, foram dias de ótima comida caseira, vinho e conversas sobre Barcelona, Espanha, Brasil e claro, futebol. Acumulei mapas e dicas de qual caminho seguir e o que ver na estrada pela cordilheira dos Pirineus, além de pequenas trilhas nos arredores.
Além de turistas caminhando e ciclistas praticando mountains bike pelas trilhas, é frequente encontrar pelas estradas grupos de motoqueiros em viagem e também carros de luxo a toda velocidade. Afinal, ali estamos muito próximo da França e da luxuosa Cote D’Azur.
La Molina se encontra na Província de Girona, a quase 1200 metros de altitude, a menos de 1 hora de distância da França. Em todo recorrido pelas estrada o que não falta são relíquias de arquitetura românica, como em Puigcerdá, La Seu D’Urgell, entre outros, como aquela que viria a ser minha próxima base, o vilarejo de Boi-Taull.
Na província de Lérida (em catalão, Lleida), localizada no Valle de Bohí, a região também é uma famosa área de esqui e esportes de inverno, e no verão é destino para apaixonados por trilhas e natureza.
A estrada até ali foi propositalmente a mais longa: picos de montanha de até 3 mil metros, rochas, verde, sol, chuva e neve; o mais extremo e bonito que pudesse ver para os poucos dias de viagem que tinha.
Minha hospedagem, o Alberg Taull, também não decepcionava, típica construção rústica, de montanha, respeitando toda a bela arquitetura românica local.
A gente costuma reservar todas as nossas hospedagens pelo Booking. É o site em que temos confiança, sempre usamos e nunca tivemos problema. Nesse link filtrei todas as hospedagens mais bem avaliadas da região, para você não correr o risco de entrar em durada. Guarda ele para quando for reservar a sua hospedagem!
Enfim, o Parque: criado em 1955, é o único Parque Nacional da comunidade da Catalunha, com quase todo seu território (40 mil hectares divididos em diferentes zonas de proteção ambiental) acima dos 1 mil metros de altitude, picos de mais de 3 mil e lagos de origem glaciar.
No Valle de Bohí se encontra a principal entrada para visitação e no vilarejo de Bohí, uma das sedes, onde se pode obter informações e comprar tickets para as vans que levam visitantes à entrada, onde começam as trilhas. A quantidade de rotas que se pode fazer é enorme e dentro do parque existem refúgios para aqueles que buscam trilhas mais longas e pernoitar no local. A sinalização é exemplar, praticamente só se perde e só fica sem informação quem quer.
Para meu dia de trilha ficou reservada muita chuva, muito frio. Nada que fosse uma barreira, nada que me impedisse. E entre subidas e descidas, mesmo com tempo fechado, no horizonte aparecia de forma tímida, atrás da nuvens, os picos de Els Encantats. Porém ali, acompanhado de uma chuva que já era gelo, de rios, pássaros, vento, do som de uma natureza linear; era chegado o momento de voltar.
Dicas:
A melhor forma de visitar os Pirineus é de carro, para ter a liberdade de parar em qualquer vilarejo ou porto de montanha, além disso na Europa existem opções bastante econômicas para alugar carro. Entretanto, é possível chegar a La Molina de trem desde Barcelona, ou a Lérida de trem (também desde Barcelona), a partir daí a opção seria ônibus.
Barcelona – Valle de Bohí: 280km
Barcelona – Lérida 158km
Lérida – Valle de Bohí 142km
Barcelona – La Molina 160km
La Molina – Valle de Bohí 200km
Sobre alimentação, vale prestar atenção aos ‘menus’ oferecidos pelos restaurantes. A maioria sempre tem bons preços, em torno dos 15 euros, que incluem entrada+prato principal+sobremesa+café. Apenas não esqueça: o almoço costuma ser servido até umas 15h.
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