Eu mal volto de uma viagem e já estou pensando na próxima. A ~listinha~ de lugares para conhecer parece que nunca diminui e o continente africano fazia parte daqueles sonhos antigos, que há muito já deveria ter sido realizado. Até que um belo dia, planejando uma visita a dois amigos brasileiros que vivem em Portugal, resolvi dar uma olhadinha no mapa para bisbilhotar aqueles países que ficam logo ali e, literalmente, valem a pena aproveitar a viagem para conhecer. Aí o bichinho da aventura começou a coçar: pertinho de Portugal tinha todo um Marrocos, um Deserto do Saara… Por que não?
Pesquisando preços de voos, vi que os valores da Royal Air Maroc, empresa marroquina que cobre o trecho Rio – Lisboa com conexão em Casablanca estavam ótimos. Era um sinal! Pela segunda vez, pensei: por que não? A ideia de um stopover no Marrocos e de poder sentir o gostinho da África me agradou bastante! Então comecei a pesquisar mais sobre o país e me dei conta de que apenas uma rápida paradinha por lá não seria o suficiente.
O Marrocos é um lugar único, um país africano bem próximo à Europa, de religião islâmica, com povos árabes e bérberes, comidas e cheiros exóticos, geografia diversa… Ai, meu Allah! O que fazer? Quero conhecer TUDO! Mas o problema era o tempo. Eis que encontrei o tour de Marrakech até o Deserto do Saara com a Marrocos.com e resolvi de vez estender a estadia no país.
Descobrimos um pacote, oferecido pela Marrocos.com, que casaria quase perfeitamente com as datas que tínhamos disponíveis. Chegaríamos um dia antes da saída do tour e partiríamos também um dia antes. Entramos em contato com a empresa e eles organizaram as mudanças necessárias para que pudéssemos fazer a trip com eles. Aí foi só fechar as malas e partir! O Deserto do Saara nos espera!
Veja também essas dicas de hotéis no Atacama para curtir paisagens lindas do deserto com muito conforto.
O nosso início de viagem foi um pouco diferente do resto do grupo, pois chegamos um dia antes à cidade. Mas o cronograma do pacote é bem bacana, como relatamos a seguir:
No primeiro dia, um motorista efetua o transfer do seu local de chegada em Marrakech (aeroporto ou estação de trem) até a hospedagem, um confortável Riad bem no centro da Medina. Ops, pausa para a tradução. RIAD: hospedagem tradicional marroquina, usualmente com pátio interno e terraço; MEDINA: a parte antiga e central das cidades, do lado de dentro das muralhas, geralmente com ruas super estreitas e construções milenares.
Ficamos no Riad Dar El Masa e fomos super bem recebidos pelo Mustapha, que nos deu dicas valiosas sobre os locais a visitar e nos apresentou à nossa suíte digna de um conto das Mil e Uma Noites! 🙂
Caso você chegue cedo neste dia, terá um tempo livre em Marrakech. Se chegar mais tarde, é descansar para o dia seguinte, que começa bem cedo! Veja o roteiro completo que fizemos em Marrakech aqui!
Tomamos o café da manhã com o grupo com o qual viajaríamos pelos próximos dias e já começamos a fazer as primeiras amizades. Afinal, quer lugar melhor para fazer amigos que ao redor de uma mesa com boa comida? Nosso grupo era composto por 9 portugueses, 5 brasileiros e 1 tcheco. Pensamos em botar o tcheco no gol e chamar os portugueses pra uma pelada, mas o calor e o clima seco nos fizeram deixar essa ideia pra lá.
Entramos na van, conhecemos o nosso simpático e divertido guia, Ali, e começamos a subir a cadeia de montanhas mais alta do norte da África. Precisaríamos transpô-la para chegar ao deserto. A cordilheira do Alto Atlas tem seu ponto mais alto a 4 mil metros de altitude, mas na estrada chegamos a “apenas” cerca de 2 mil metros. Sorte a minha, que não me dou muito bem com altitudes extremas!
A estrada é linda, cheia de curvas e fizemos algumas paradas para fotografar. Na paisagem, montanhas, vales e muito verde. Há várias pequenas aldeias no caminho e viajantes solitários pela estrada.
Paramos para almoçar num restaurante junto a uma cooperativa de mulheres marroquinas que produzem óleos feitos com castanhas locais. Ali experimentamos um Tajine de frango bem saboroso.
Pegamos uma estrada secundária, chamada de “Rota dos Kasbahs”, para chegar ao próximo ponto de visitação: o Casbá (forma aportuguesada) do Glaoui, na aldeia de Telouet. Casbás são antigas construções tradicionais marroquinas fortificadas, feitas primordialmente para proteção, tanto de ataques quanto de altas ou baixas temperaturas.
O material usado é uma mistura de argila, palha e – cocô!!! Sim, o estrume seco de animais é usado na composição dos tijolos! Paramos rapidamente para admirar o Casbá e fazer algumas fotos, mas não entramos, pois havia um outro mais interessante logo a seguir.
Para os cinéfilos (e fãs de Game of Thrones), esse cenário pode ser familiar. Devido a sua ótima conservação e imponência, o Casbá de Ait Ben-Haddou serviu de locação para dezenas de produções como Lawrence da Arábia, Gladiador, Babel, A Última Tentação de Cristo, só para citar alguns mais famosos.
Há três entradas para a atração. Entramos pela da ponte que liga a cidade nova, de um lado do rio (seco, quando visitamos), ao casbá, que foi abandonado pelas famílias que ali viviam há muito tempo. A falta de estrutura como energia elétrica e encanamento hidráulico levou os moradores a buscarem moradias mais modernas.
O passeio pelo Ait Ben Haddou é bem interessante. Ao passar pelas ruelas de adobe, em alguns momentos você se sente dentro da cidade-escrava de Yunkai (Game of Thrones). Em outros, você se sente o que realmente é: um turista em meio às tendas de souvenirs.
Subimos até o topo da cidade, de onde se tem uma bela vista geral do casbá, do rio, da cidade nova e, é claro, da paisagem desértica tão amada por Hollywood.
Após mais alguns minutos de estrada, chegamos a Ouarzazate, a capital do cinema no Marrocos, que abriga alguns estúdios. Fomos direto para o Hotel Dar Rita, onde ficamos hospedados. Os quartos são bem confortáveis e as áreas comuns super aconchegantes.
Já era fim de tarde, mas tivemos tempo de dar uma volta pelo bairro antes do jantar. Foi uma experiência muito bacana vivenciar um pouco da vida local numa parte menos turística da cidade.
A ansiedade para chegar às dunas do Saara já tomava conta de todos. A paisagem ia se tornando cada vez mais árida e o verde mais raro. Foi quando avistamos um oásis. Pausa dramática. Esfregamos os olhos. O cantil já não tem uma gota d’água. Será miragem?
Corta. Desculpa, baixou a roteirista aqui por um minuto.
Quando falamos em oásis, pensamos naquele par de palmeiras sofridas com um laguinho singelo ao lado, no meio do deserto. Certo? Mas esse aqui, meus amigos, é O oásis.
De um lado, montanhas rochosas e secas. Do outro, um gigantesco palmeiral. Por ali passa o rio Draa, que desce das montanhas do Alto Atlas e traz vida em forma de milhares de palmeiras, formando uma paisagem simplesmente espetacular. Paramos num mirante para admirar o paraíso e perceber o poder dessa nossa água que bebemos e desperdiçamos todos os dias.
Depois paramos para almoço num restaurante na estrada, com uma linda vista para outro oásis, e também num belo portal de uma pequena cidade para uma foto do grupo!
Finalmente chegava o momento de encararmos o deserto de fato! A van nos deixou num hotel de base em Merzouga, literalmente na beira das dunas. De lá, pegamos um 4×4 que nos levou até os dromedários, que nos esperavam para a travessia até nosso acampamento, onde passaríamos a noite.
Subimos nos dóceis e ~lindos~ animaizinhos que, enfileirados, começaram a caravana por entre as macias areias do Saara. Os dromedários são “primos” dos camelos e se diferenciam destes por terem apenas uma corcova, enquanto os camelos têm duas.
A fila era puxada por um guia bérbere que ia a pé, liderando a viagem que segue em ritmo lento e dura cerca de 1h30. Montar o dromedário é bem fácil e não oferece perigo algum, até porque uma eventual – e rara – queda terminaria num suave chão de areia.
A paisagem é realmente coisa de outro mundo. O sol ia se pondo por trás das dunas e proporcionando um degradê de cores suaves que, somado ao silêncio do deserto, transformavam o momento numa experiência quase transcendental.
Chegamos às tendas montadas em meio às dunas ao anoitecer e o que vimos superou as expectativas: o lugar preservava o aspecto de acampamento rústico, mas com a estrutura necessária para nos acomodarmos com conforto.
Nossa tenda tinha uma confortável cama de casal e um banheiro com privada e ducha de água quente! Olha que luxo!
O jantar foi servido pelos nossos guias numa grande e farta mesa e, depois de comermos, ainda rolou uma roda de música com instrumentos bérberes. Só faltou o céu estrelado, pois demos o azar de pegar uma noite nublada. Acontece, né?
Após uma tranquila noite de sono, levantamos bem cedo para curtir o nascer do sol na corcova do dromedário!
Nosso caminho de volta pareceu ainda mais belo no início da manhã e aproveitamos para fazer mais algumas fotos. Afinal, não é todo dia que se tem a chance de estar no Saara! Não faltou a clássica foto da sombra dos viajantes na areia! 🙂
Paramos novamente no hotel Auberge du Sud e tivemos tempo de curtir uma piscininha com um cenário desconcertante antes de voltarmos à van.
Pegamos uma estrada diferente dessa vez e passamos por dentro de simpáticos vilarejos antes de atingirmos nosso próximo destino.
A cidade de Tinghir tem cerca de 40 mil habitantes e fica na beira das Gargantas do Rio Todra. Paramos num mirante para fotos do lindo contraste formado entre as construções terracota e as abundantes palmeiras do local.
A seguir, a van foi entrando pelo meio de lindas rochas e percebemos que chegávamos às famosas gargantas que envolvem o rio. Para nossa surpresa, trata-se de um ponto frequentado pela população da região – e não só por turistas – em busca de descanso e relaxamento à beira do Todra. Por estar bem no meio de rochas altas, ali tem-se literalmente sombra e água fresca!
Havia muitas pessoas deitadas nas pedras, brincando com as crianças ou andando de bicicleta. Mas há também cada vez mais ônibus de turismos e praticantes de escalada em busca de aventuras nas rochas.
Chegamos novamente ao Dar Rita, em Ouarzazate, e subimos ao terraço para tomar um arzinho e nos deparamos com uma tenda fofa para descansar do dia intenso (e namorar um pouquinho ) antes do jantar.
A primeira parada, pela manhã, foi no centro de Ouarzazate, onde estão o Museu do Cinema e o Kasbah de Taourirt. Fizemos algumas fotos na frente dos dois e seguimos para os estúdios de cinema.
No caminho, mais alguns irresistíveis cenários para fotografar e guardar na memória!
A princípio, nos parecia a parte mais sem graça do tour, mas, felizmente, o Marrocos não cansa de nos surpreender. O portfolio de filmes holywoodianos não é nada modesto, e vai desde Ben Hur a 007, passando por Alexandre.
A paisagem árida, os casbás bem conservados, a facilidade de voos para o Marrocos e o baixo custo de produção no país fazem com que o local seja usado com frequência pelos grandes estúdios. Fizemos uma visita guiada pelos estúdios e as cidades cenográficas e confesso que foi bem bacana fazer umas fotos com pedras fakes e bigas de mentirinha.
Antes de partir, uma paradinha na beira da piscina do hotel Oscar (nome sugestivo), dentro dos estúdios, e… Tchãrãrã… CERVEJA! Explico o motivo de tanta alegria: estivemos no país no Ramadã, período de jejum e privações durante o qual é expressamente proibido aos muçulmanos consumir álcool. Portanto, é bem difícil conseguir comprar uma cervejinha. Alguns hotéis vendem apenas para turistas. E esse foi o caso. Na verdade, essa dificuldade é durante todo o ano. Poucos estabelecimentos são autorizados a vender bebida alcoólica dentro ou fora do Ramadã.
Combinamos um jantar em grupo nas tradicionais barraquinhas da praça Jemaa el-Fna, no centro da Medina. Essa é, sem dúvida, a parte mais caótica – e, por isso, tão interessante – da cidade.
Por ali estão vendedores ambulantes oferecendo relógios e haxixe (sim, a droga), encantadores de cobras, pessoas com macacos dopados no ombro se oferecendo para fotos, tatuadoras de henna e todo tipo de gente que você pode imaginar.
Resolvemos comer numa das dezenas de barracas que servem diversos tipos de alimentos grelhados. Há frutos do mar, frango, carne, vegetais… Os preços são bem convidativos e a dica é pedir vários pratos (as porções não são muito grandes) e provar tudo o que conseguir. Como estávamos em um grupo grande, foi o que fizemos e comemos no esquema de “tapas”. Valeu a pena! A sardinha e a lula foram nossas favoritas!
Esse é o dia reservado para um passeio pela medina com um guia oficial.
Como precisávamos tomar nosso voo para Lisboa, não pudemos fazer a visita guiada com o restante do grupo. Foi uma pena, pois o guia certamente conta detalhes sobre os lugares que passam despercebidos quando estamos sozinhos. Mas, como havíamos chegado à cidade um dia antes do tour, fizemos um belo passeio por Marrakech no início da viagem, por conta própria.
Como no primeiro dia, o último dependerá do horário do seu vôo. Caso tenha tempo, vale a pena visitar mais alguns lugares em Marrakech, como o Jardin Majorelle e a parte nova da cidade, mais moderna, que concentra hotéis de maior porte, centros comerciais e ícones do mundo ocidental, como McDonald’s, Zara, entre outros.
VALE A PENA?
Muito, muito, muito! O Marrocos é um país sensacional e diverso, bem estruturado para o turismo e cheio de coisas lindas para conhecer e fotografar. Ainda falta muita coisa, que deixamos para a próxima viagem. Recomendamos o tour com a Marrocos.com que não tem erro! A organização do passeio, o motorista Said, o guia Ali e, claro, os amigos que fizemos para o resto da vida fizeram desse passeio algo simplesmente inesquecível.
Os relatos deste texto são totalmente pessoais, de acordo com as experiências que tivemos durante o passeio. Agradecemos à equipe do Marrocos.com pelo convite para conhecer o tour.
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20 comments. Leave new
Olha eu ali, nas fotos do grupo!
Descrição perfeita Naná, de nosso tour mágico por este país de realidade tão diversa!
Nosso grupo fez os dias serem inesquecíveis, novos amigos para a vida!
Gratidão!
Foi maravilhoso, Silvia! E, com certeza, o grupo fez toda a diferença. Só os melhores! <3
Maravilhoso. Totalmente demais e muito fã.
Uhuuuu! Obrigada, Lucia! Já estamos com saudade!
Maravilha !! Estou começando a planejar minha viagem ao Marrocos mas conciliando com uma Meia Maratona .
Que legal, Nivaldo! Vai ser demais! Esse passeio para o Deserto do Saara é ótimo. Espero que o nosso post tenha ajudado. Boa viagem e boa Meia Maratona pra você! =)
Vou fazer este tour na próxima semana
Que legal, Sonia! Espero que goste! =)
Boa viagem!
Oi Sonia,
Vc fez este tour com a Marrocos.com? Estou pensando em viajar com eles, nas gostaria de ter mais infos sobre eles. obrigada!
Oi, Lucia! Pode ir tranquila porque o tour é ótimo!
Ótimo post! Linda viagem! Abraço
Ficamos felizes que tenha gostado. Esperamos ter te ajudado! Abs
Olá, tudo bem? Excelente relato! Adorei as dicas e detalhes! Estou me organizando pra visitar o Marrocos em outubro, mas tenho uma dúvida: você sabe dizer o nome do hotel/acampamento que ficaram hospedados na noite no deserto? Sei que são muitos na região e gostaria de saber o q vcs ficaram. Obrigado!
Oi, Diego! Que bom que gostou do post. Ficamos no Auberge du Sud. Nossa tenda tinha cama de casal e banheiro privativo.
Boa viagem!
Adorei seu post e cada detalhe compartilhado! Estou planejando uma viagem de 7 dias em fevereiro de 2019. Com certeza vou usar suas dicas. Aliás, que fotos LINDAS! Qual câmera você usa?
Bjs.
Muito obrigada, Amanda! Ficamos felizes que tenha gostado! Nós usamos uma 5D Mark III.
Bjs
Naná, gostei bastante de ler sobre o tour feito em Marrocos. Eu estarei indo pra lá no próximo mês e pretendo conhecer os lugares que você visitou, fiquei encantada.
Que legal, Faby. Você vai curtir. Espero ter ajudado! =)
Olá!!! Adorei seu relato e quero muito fazer este passeio em breve. Por favor, você se recorda se chegou muito tarde em Marrakech depois do tour no Saara?
Oi, Evelin! Vale muito a pena! Eu cheguei a Marrakech no finzinho de tarde, mas é sempre bom checar com a empresa antes o horário da volta. Bjs